Raça no Brasil
A raça chegou a América Latina pela Argentina e Uruguai nos anos 60 e no Brasil no início dos anos 70, quando um casal de Shetland começou a frequentar as exposições caninas em São Paulo, desaparecendo algum tempo depois sem que deles se tivesse mais notícias. Certamente, estes foram os primeiros exemplares da raça a serem trazidos para o Brasil, não se sabe ao certo por quem.
Esta rápida aparição foi o suficiente para que Virgínia Ristori, Canil Avis (Guarulhos SP), criadora paulista de Collie e Pinsher, se apaixonasse pelo Shetland. A origem exata de seus cães se perdeu, mas sabe-se que eram oriundos de cães Argentinos, como “Adoniso F Pauli Guille”, filho do americano Stonewall Black Gold da linhagem Banchory.
Alguns anos depois, D. Virginia em companhia de Antonio Costa Dalle Piagge do Canil Windhaven (São Paulo SP), também criador de Collie, e inicialmente sob o prefixo “Pauliceia”, procurasse exemplares na Argentina e Uruguai a fim de iniciar uma criação nacional da raça. Levado ao Shetland pela semelhança com o Collie, de quem é profundo admirador, Antonio Dalle Piagge não demorou a encontrar boas qualidades nesse cão, como seu apego ao dono, tanto que, dois anos depois, importou alguns exemplares americanos. O primeiro macho importado foi Stonewall Am I Blue (nascido em 1967), um neto do famoso “BISS AM CH Cherden Sock It To ‘Em CD ROM ROMC (Pow), um dos principais padreadores do canil Banchory, adquirido do criador Carlo Sanmartino. Em 78, Toninho importou diretamente dos EUA o macho Banchory the Crusade, filho de Peter, do qual não se tem registro de descendentes.
Outro neto importado de Peter, que influenciou muito os pedigrees dos shelties brasileiros, foi o macho BR CH Glenn Hill Royalty (nascido em 1980), produziu os machos “Pauliceia Fair Play” e “Love Da Ingrid De Avis”, dois padreadores significativos da época e que permanecem na origem de nossos shelties até hoje.
Por meio de Stephen Barger, um dos grandes criadores e handlers americanos da época, em 1987, Toninho (como é chamado carinhosamente, Antonio Dalle Piagge), importou “BR CH Mainstay Make My Day – Menina” fêmea americana coberta, neta de Peter Pumkin e que após três dias de sua chegada ao Brasil, teve 5 filhotes, em 1998 o macho “Mercury’s Make Believe” e a fêmea “Mercurys Make it Mine” e também o macho “Cameo Farms The Locksmith”.
Após 7 anos de criação, os criadores consideravam que a raça teve boa aceitação, o que só não era maior em virtude dos poucos exemplares existentes. Considerado de boa qualidade por árbitros internacionais, o plantel brasileiro de Shetland encontrava algumas dificuldades com juízes nacionais. A raça era tão pouco difundida no pais que os juízes não tinham base de comparação para auxiliá-los no julgamento.
Em 1983, Vania Lerosa Telles do Canil Telleshire (São Paulo SP), atendendo aos pedidos dos filhos que queriam uma “Lassie”, encontrou no Sheltie a aparência e um tamanho mais adequado ao apartamento.
Na busca pela raça, já que no Brasil haviam pouquíssimos exemplares e sem perspectiva de novas ninhadas, entrou em contato com o American Kennel Club nos EUA. Assim, conheceu os criadores e juízes americanos da raça Daniel e Clayre Gayle, que lhe venderam Gaylands Kay Starr “Katie”, (09-07-83), (marta e branco), filha do premiadíssimo Macdega The Piano Man e Gayland’s Elyse, filha do CH Chenterra Thunderation.
Três anos mais tarde os criadores americanos enviaram para Vania, Ch Gayland’s Jazz Singer “Jellybean”(03-06-82) tricolor, (CH Macdega Proof Positive e CH Gayland’s Elyse. Pouco tempo depois, as duas cachorras iniciaram campanha tornando-se campeãs. Nesse período, Vania conheceu o criador e juiz Antonio Costa Dalle Piagge, o Toninho, que na época também tinha um lindo macho importado que passou a ser o padreador de Katie. E como resultado de uma dessas ninhadas, nasceu “CH Gold Strike of Telleshire”, que se sobressaiu ao receber várias premiações no circuito de exposições. Após uma pausa na criação, em 2000 retornou e conheceu a juíza e criadora norte-americana Jean Simmond, do canil Carmylie, profunda conhecedora da raça. Foi neste que pode ser chamado um dos centros de excelência de Shelties no mundo todo que adquiriu CH Carmylie New Venture “Teka” e CH, CH PAN, GRCH e CH INT Carmylie Hands Across the Sea “Dino”, ambos na cor marta. Pouco tempo depois conheceu também o criador e juiz Tom Coen, do Canil Macdega, o mesmo do pai da Katie, onde adquiriu “Macdega Night Music for Kevin”, o primeiro bicolor. Nessa época, Toninho a presenteou com CH Windhaven Celtic Lia “Naomi” (20-09-2000), uma cadela tricolor.
Em 1991 Hilda & Eduardo Scherrer do canil Chelsea de Curitiba, que também já criavam Collies, trouxeram a linhagem Carmylie, da Sra Jean Simmonds, contribuindo com a qualidade dos shelties nacionais. No início de 1990, adquiriu “Roy da Ninon de Avis (Scott)”, filho de “Love da Ingrid De Avis” e neto de Pauliceia Fair Play”, descendente de “Peter Pumpkin”. Em 1993, importou “Tull E Ho Paprika” (Rika), com 2 anos que nos EUA já havia tido ninhada e 3 filhos campeões americanos. Aqui teve 3 ninhadas com 21 campeões brasileiros. Um dos filhos do “Spencer”, “BISS BR CH Chelsea Sheltie Kyle” foi o ganhador da 1ª Exposição Especializada da raça, realizada em outubro de 1999. Posteriormente, “BIS BR CH Chelsea Sheltie Xangai”, foi o primeiro sheltie de criação nacional a ganhar uma Exposição em novembro 2004.
Outros criadores surgiram, contudo, a raça já estava consolidada no país, alguns começaram com shelties destes criadores, outros com importações próprias, colaborando para a evolução da raça.