Dermatomiosite (DMS)
A Dermatomiosite (DMS) é uma doença classificada dentro do grupo das Dermatopatias isquêmicas, isto é, doenças associadas à uma irrigação sanguínea deficiente. Ela ocorre devido a uma lesão inflamatória vascular de grau discreto que gera uma inadequada oxigenação dos tecidos, levando à atrofia da pele. A pele torna-se mais fina e frágil, sendo então mais suscetível a ulcerações traumáticas. Os pelos, devido à falta de suprimentos, não se desenvolvem adequadamente, gerando áreas de alopecia (perda de pelos). As lesões podem, com o passar do tempo, ter aspecto de cicatriz e mudar de cor.
A DMS Familiar é uma Dermatopatia isquêmica associada à lesão muscular que ocorre mais comumente em Collies e Pastores de Shetland, porém é descrita em outras raças na maioria em casos individuais. As lesões iniciais caracterizam-se por vermelhidão, perda de pelos, escamação (caspas) e crostas. Com a evolução da doença são observadas erosões e úlceras (perda de tecido). As lesões tardias são caracterizadas por alopecia cicatricial na face, parte distal das patas, ponta do rabo e locais onde os ossos são mais proeminentes (áreas mais expostas a traumas externos). As lesões podem se iniciar em filhotes por volta dos 7-11 meses. As lesões nos músculos muitas vezes são menos perceptíveis, quando estão presentes são mais frequentes nos músculos da mastigação. A DMS de ocorrência no adulto é rara e está associada a eventos precipitantes como cio, parto, lactação, trauma ou exposição intensa a raios UV.
A Dermatomiosite familiar não é uma doença comum e pode ter a mesma aparência de outras doenças comuns de filhotes como: foliculite bacteriana, sarna demodécica, micoses por fungos Dermatófitos, Dermatites alérgicas com infecção bacteriana e fúngicas secundárias (Piodermite/Hipermultiplicação de leveduras do gênero Malassezia sp-MOG).
O diagnóstico da doença é realizado com biópsias, retiradas de amostra de pele com um equipamento chamado punch ou com bisturi, e análise por um patologista interessado em doenças da pele – mas sempre depois de descartar todas as doenças mais comuns descritas acima. No caso de haver sintomas musculares, esses também podem ser biopsiados e encaminhados para a análise.
O tratamento consiste em evitar na medida do possível que o cão se traumatize no ambiente em que ele vive, evitar a exposição à luz solar, castração e uso de medicamentos como Pentoxifilina – que tem o efeito de melhorar a circulação do sangue nos vasos de pequeno calibre, possui um efeito anti-inflamatório e Vitamina E, que é um antioxidante potente, constituinte do sebo protetor da pele e é considerado um protetor de lesões isquêmicas.
Pastor de Shetland exibindo lesões típicas da DMS
(Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 27, suplemento, 2007)
A DMS é considerada uma doença multifatorial, com uma predisposição genética poligênica e associada a fatores ambientais, normalmente se desenvolvendo após um gatilho ambiental, como vacinação ou infecção viral, podendo ser exacerbada por estressores subsequentes, como exposição à luz ultravioleta. Evans JM, et al. (2017) identificaram dois genes, locus A e B, e um haplótipo no complexo do antígeno leucocitário do cão (DLA) em Shelties e Collies que, no estudo, foram relacionados a um risco de ocorrência da DMS.
Os alelos dos genes identificados que aumentavam o risco de ocorrência da doença foram denominados no estudo A, B, assim como o haplótipo de DLA denominado C (equivalente ao DLA-DRB1*002:01), enquanto os alelos normais foram denominados “a’ e “b” e o “c” sendo qualquer haplótipo alternativo ao 002:01. As combinações nos cães estudados dos alelos dos loci A, B e do haplótipo DLA e a observância da presença ou não da DMS permitiu que o estudo estabelecesse uma tabela de risco (baixo, moderado ou alto) para o aparecimento da doença e a disponibilização de um teste genético que avaliasse o risco da ocorrência da Dermatomiosite.
Em um acasalamento, com o conhecimento do genótipo dos pais e a tabela de risco de Evans JM, et al. (2017), é possível estimar os riscos de ocorrência da DMS na ninhada. Essa análise pode ser facilitada por duas ferramentas disponibilizadas no site da ASSA (American Shetland Sheepdog Association):
– Possibilidades de combinação dos genótipos que podem ocorrer e os respectivos riscos associados, clique AQUI para acessar.
– Planilha que mostra os riscos associados às combinações dos genótipos digitados, clique AQUI para fazer o download.
Clique AQUI para acessar o Resumo do artigo sobre dermatomiosite de Evans JM – Clemson University