Sensibilidade à ivermectina (multidrug resistance 1 – MDR1)
Com o advento do vermífugo ivermectina observou-se que algumas raças de cães, especialmente os collies, podiam apresentar sintomas de neurotoxicidade, inclusive fatais, após o uso dessa medicação. Posteriormente, em 2001, foi descoberto que esse efeito era devido à uma mutação genética no gene ABCB1 (ou MDR1) que, quando mutado, comprometia a produção funcional da glicoproteína-P, uma importante bomba presente na barreira hematoencefalica do sistema nervoso central (SNC) responsável por remover do SNC para a circulação alguns componentes e medicamentos, inclusive a ivermectina, evitando seu acúmulo no cérebro. Na presença da mutação MDR1, esses substratos potencialmente tóxicos se acumulam no SNC podendo causar sintomas neurológicos.
A MDR1 foi posteriormente identificada em mais sete raças de cães, inclusive no Pastor de Shetland, sendo oriunda provavelmente de um cão da Grã Bretanha de 1800 (Neff, 2004). Atualmente, diversas raças e inclusive cães SRD já foram identificados com a mutação.
Ao longo dos anos, diversas outras drogas foram associadas com o transporte pela glicoproteína-P, podendo a lista e recomendações de uso serem consultadas clicando AQUI.
Atualmente está disponível, inclusive no Brasil, o teste genético que indica a presença da mutação MDR1. Cães que apresentem apenas uma cópia da mutação podm apresentar algum quadro de intoxicação quando do uso das medicações indicadas, enquanto cães com duas cópias da MDR1 podem apresentar intoxicação severa e, em alguns casos, fatal. Recomendações de redução de doses ou de substituição da medicação podem ser indicadas de acordo com o genótipo de MDR1 do cão. Detalhes podem ser consultados clicando AQUI.